terça-feira, 20 de novembro de 2012

Hidrelétrica Belo Monte - Devastação Socioambiental

Há um grande movimento por parte de artistas e anônimos contra a construção da hidrelétrica Belo Monte, que pelo que tudo indica, será maior que o Canal do Panamá, trazendo danos irreversíveis tanto para os povos indígenas e ribeirinhos que vivem ali, como danos ambientais em escala gigantesca. O governo alega que o Belo Monte é um grande e importante investimento e  que este será uma das grandes fontes de energia elétrica do Brasil, transformando o local em um pólo de trabalho. Mas há muito a ser esclarecido para a população que será afetada por esse projeto tão pouco discutido. O que se sabe é que haverá uma inundação de pelo menos 400.000 hectares de floresta e expulsão de mais 40.000 indígenas e populações locais, destruindo toda cultura local e inúmeras espécies. 

O Governo coloca o Belo Monte como grande meio de produção de energia elétrica pela sua infraestrutura, insistindo que irá sanar os déficits de energia a médio e longo prazo. Mas o fato é que ela não tem condições de atender as necessidades elétricas do país e por  isso, criarão outras hidrelétricas, devastando  toda  região que sobreviver a implantação do Belo Monte. Há também conflitos de interesse sinalizados  na construção da hidrelétrica,  pois o consócio que está responsável pela construção, NESA (Norte Energia S.A.),  é composto, em sua grande maioria, por empresas do governo e o IBAMA, instituto responsável pela fiscalização da construção,  também é uma instituição do governo, o que não o que possibilita criar mecanismos para autorizar a construção, ainda que artifícios irregulares. 

A verdade é que Belo Monte de belo não tem nada, pois trata-se da desconstrução da vida, destruição dos direitos humanos, direito de viver segundo seus costumes, além da destruição da fauna e flora. Fala-se muito  de desenvolvimento para a região, mas que desenvolvimento é esse que dizima  toda estrutura local, deixando povos desnorteados? Está declarado uma guerra não só das instituições  de preservação do meio ambiente, mas dos inúmeros de povos indígenas que já declararam guerra de cunho físico. O procurador da República do Estado do Pará, Felício Pontes já detectou inúmeras falhas nessa construção. Um exemplo desses erros é que a Constituição Federal é bem clara quando diz que antes de construir todo e qualquer projeto em terras indígenas, tais projetos deverão ser considerados com os povos afetados e chegar-se a uma conclusão viável para todos os interessados. A construção do Belo Monte foi autorizado sem nunca ter ouvido um grupo indígena. Outro fator a ser levado em consideração é que a região por si só tem um grande histórico de violência por parte de fazendeiros, poceiros, grileiros além de violência sexual, com baixas taxas de punições para com os agressores. Em geral, em canteiros de obras dessa natureza, mulheres são levadas a serem exploradas sexualmente, proliferando inclusive a prostituição infantil.

As perguntas que seguem são: Se não houvesse o rio Xingu, que alternativas o governo criaria para resolver os problemas do consumo de energia elétrica? Será que o preço a ser pago a médio e longo prazo não será alto demais, visto ter danos irreversíveis?  Será que se fosse uma ação de adversários políticos, o governo não estariam  usando tal projeto como arma para se promoverem? Será mesmo que os fins justificam os meios já citados acima?

Um país como o Brasil tão rico em requisitos ambientais, está deixando uma marca de devastação socioambiental como jamais se ouviu falar na história do país. A construção já foi autorizada, os danos já foram calculados, ainda que o saldo a ser pago seja alto demais e compartilhado por toda sociedade  brasileira que ainda não se deu conta de quão caro será o preço.  
"O que mais surpreende é o homem, pois perde saúde para juntar dinheiro, depois perde dinheiro para recuperar a saúde. Vive pensando ansiosamente no futuro, de tal forma que acaba por não viver nem o presente, nem o futuro. Vive como se nunca fosse morrer e morre como se nunca tivesse vivido." (Dalai Lama)

Site que aborda o assunto Belo Monte: www.movimentogotadagua.com.br/